Preguiça Acrescentada

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sexta-feira, 23 de junho de 2017

O assustador desmame

Para quem é mãe e amamentou, ou ainda amamenta, deve saber o quão realmente assustador é começar o processo. Ainda mais aterrador pensar no desmame: o fim desse processo. É uma tarefa às vezes tão complicada de iniciar, já que existem problemas com a pega, com o mamilo ou com o raio que o parta. Uma pessoa (ou pelo menos eu) deseja que ao menos dure, já que houve tanto empenho e trabalho envolvido.

A minha experiência foi no mínimo interessante. Eu tenho um bebé muito expressivo e com uma personalidade muito saída ao pai: engraçado. Ao iniciar a amamentação tive muitas dificuldades, ele chorava porque não conseguia, eu chorava porque doía, e por aí fora. Até encontrarmos o nosso ritmo, e a partir daí foi fácil, até ele passar por um dos muitos "picos de crescimento", em que (segundo as enfermeiras) é normal querer mamar mais vezes, ou por conforto ou por fome. Afinal ele está a crescer. Mas a cada mês que passava eu sentia-me concretizada e orgulhosa por ter conseguido mais um mês. Nunca foi fácil por muito tempo pois aparentemente ele estava sempre a passar por um dos chamados (pelas enfermeiras) "picos de crescimento". Houve a fase do comer de meia em meia hora. Houve a fase de comer de quatro em quatro horas. Houve a fase de bolsar tudo o que tinha comido e querer comer logo a seguir. Houve a fase do adormecer a mamar (essa eu adorei!).

E melhor que tudo, consegui concretizar um dos meus principais objectivos: amamentar exclusivamente até aos seis meses! E depois começou a sopa... E depois as frutas... E depois duas sopas por dia... E depois duas sopas mais um lanche de papa. E dei por mim só a amamentar durante a noite e ao pequeno almoço. Passei a amar as noites quando ele acordava porque ia poder estar agarradinha a ele como ele já não queria durante o dia (por só querer brincar). E aqui houve a fase do amamentar a dormir na cama com os pais (que eu amei! - conveniente, confortável e fofinho ao mesmo tempo!). E aos poucos comecei a perceber (e com o calor a chegar) que o meu bebé acordava mais vezes à noite porque ouvia os pais a revirarem-se na cama, a tossir ou espirrar. Nós estávamos a inquietar o sono do menino! Foi aí que decidi que pelo melhor do sono dele, experimentar só uns dias pô-lo no quarto dele (até esta altura - 10 meses - ele estava no berço no quarto dos pais, e amamentava na cama). Mas o que eu pensava, - que não ia resultar e que teria de voltar a pô-lo no nosso quarto- estava bem longe da realidade. Ele continuou a acordar essas vezes todas durante um mês pelo menos depois de o mudar para o quarto dele, e era bastante desconfortável para mim acordar de duas em duas horas e amamentar numa cadeira com braços de madeira que batem nas pernas do meu já grande menino. Mas fiz o esforço porque pensei que era mais um dos (segundo as enfermeiras) "picos de crescimento".
Até que me atingiu! Será que ele acorda tantas vezes porque a mama não o enche? Foi então que decidi experimentar dar-lhe uma das vezes que ele acordasse à noite a assustadora (pelo menos para mim) fórmula. E resultou! Ele ia dormir às 21h30, acordava às 2h e bebia a fórmula e depois só às 6h e às 9h acordava para mamar. Mas com o tempo ele passou a acordar só às 4h para comer e como eu lhe dava a fórmula primeiro para ele aguentar mais a noite, ele deixou de mamar à noite e passou só a mamar de manhã às 9h. Até que por volta da altura em que fez 1 aninho, deixou de querer mamar. Isto é, lá punha a mama de fora e ele ficava a olhar para ela e punha-se a brincar com o mamilo com o seu dedinho indicador. Para a frente e para trás (ai tão giro...mas agora come, tá?). E punha-lhe na boca, como tantas vezes antes. E ele morde gentilmente, e olha para mim como quem diz: "Mãe, que queres que faça com isto? Vais dar-me o pequeno almoço ou não?". E assim percebi, sem problemas nem tristezas, que esta jornada da amamentação tinha chegado ao fim. Aos poucos, e com tempo ambos tomámos esta decisão tão temida por mim e tão importante para os dois: o desmame. Que deve ser uma coisa feita gradualmente e adaptada às necessidades de cada casa, e assim o meu bebé sentiu-se preparado para deixar de fazer esta tarefa tantas vezes feita antes. E eu também.

bleep.

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