Preguiça Acrescentada
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sábado, 4 de junho de 2011
um bebé prematuro, um milagre.
Olho para o lado, apesar de não ver. Um rapaz robusto está num berço tal como o meu, como uma cúpula da qual não podemos escapar. Acabei de sair do sítio mais quente e familiar que conheço. Estive lá seis meses e três dias, mas não podia ficar mais, tinha que participar nesta vida cá fora, da qual tanto ouvi falar. Este rapaz está aqui há mais um dia que eu e parece que se vai aguentar melhor. Já eu, não consigo abrir os olhos e nunca senti o toque da minha mãe, apesar de ter sentido a presença dela durante todo o processo entre a saída do seu ventre e a entrada nesta cúpula. Passaram sete dias e continuo preso e fraco, o rapaz morreu hoje. Não sei como mas vou sobreviver, não tenho medo. O meu pai vem visitar-me todos os dias, sinto-o do outro lado da cúpula e oiço as histórias que me conta sobre um guerreiro. Ele diz-me que o guerreiro luta sempre pelo que quer, tem uma ambição e coração gigantes, orgulha-se de onde vem e conquista sempre o que persegue. Os seus sonhos são alcançados e no fim da história, ele diz-me sempre, para que eu me lembre, que eu sou o guerreiro, um guerreiro do minho. Passaram-se mais dias, talvez semanas não sei, não tenho noção do tempo aqui. É hoje que me vêm buscar, consigo pressentir mais pessoas à minha volta e deve ser bom sinal. Estou forte. Estou confiante. Vou ter com os meus pais hoje. E é por isso que não tenho medo, eu sou, de verdade, um guerreiro do minho.
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Profundo. Gostei :)
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